Como a queima de fogos de artifício prejudica o bem-estar dos cães

Por Caio Machado


Desde o sábado retrasado (12), cidadãos de Patos de Minas voltaram a praticar à queima de fogos de artificio em decorrência do lançamento de pré-candidaturas das eleições municipais. Até o encerramento do pleito, a previsão é de que inúmeros foguetes e rojões ainda sejam disparados.

Os primeiros fogos de artifício surgiram na Dinastia Sung, na China, entre os anos de 960 a 1279. Após um milênio de tradição, os explosivos pirotécnicos já foram utilizados em competições, em estratégias bélicas, e no uso mais corriqueiro e padrão, de forma comemorativa, especialmente em eventos como réveillons e casamentos.

Por mais festivos e bonitos que possam parecer, os fogos de artifício possuem efeitos negativos em relação a diversos fatores e situações. Primeiramente, configuram um perigo à integridade física de quem os maneja e aprecia, e além disso, podem incomodar o sensível sistema auditivo dos cães, que ouvem mais frequências do que os humanos.

Enquanto um ser humano consegue escutar de 20 a 20000 hertz de frequências sonoras, onde 20 é o mais grave e 20k, o mais agudo, os cães escutam de 15 a 50000 Hz, sendo capazes então, de discernirem frequências sonoras agudas extremamente ríspidas. O apito ultrassônico para cães, por exemplo, emite de 23 a 54 mil hertz.

Segundo a médica veterinária Lorena Poliana Rodrigues Gonçalves, o medo provocado pelo estampido faz com que os animais tentem se esconder, pulando portões, muros e janelas de apartamentos, consequentemente ficando perdidos, sendo atropelados, ou até mesmo enforcados na própria coleira, e em alguns casos, sofrendo até convulsões.

A veterinária afirma que os felinos, independente da raça, tamanho e idade, também se sentem amedrontados com os fogos de artifício e orienta os donos dos animais domésticos sobre algumas medidas básicas que podem acalmá-los até que a queima de rojões e afins termine.

“Para minimizar os traumas, os donos podem permanecer ao lado dos cachorros até que tudo passe, fazendo carinhos, dando petiscos e brincando. Com isso, pode ser que em outra ocasião, os animais entendam que os fogos não são tão ruins, já que eles lançaram mão de reforços positivos durante o momento de estresse”, disse Lorena.


Ela salienta ainda sobre a técnica chamada Tellington Touch (TTouch), em que uma atadura ou pano é amarrada em determinados pontos dos corpos dos caninos, pressionando para que eles se sintam seguros. Caso nenhuma das técnicas funcione, ela sugere que as pessoas busquem ajuda por meio de médicos veterinários.

Vale ressaltar que os animais de rua não possuem a mesma sorte que aqueles que recebem cuidados dos donos. E por mais que existam medidas que possam amenizar o sofrimento animal, a conscientização deveria partir das pessoas que queimam fogos de artifício, ainda mais em comemorações banais, como as de cunho eleitoral.


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2 Comentários

  1. Parabéns pela exelente matéria! É muito importante termos consciência do mal que estamos causando ao próximo, seja ela humano ou animal.

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  2. Os viajantes estrangeiros durante o XIX, sobretudo Saint-Hilaire, não deixaram de notar a quantidade de foguetes que os brasileiros soltavam cotidianamente em todo o Brasil. Se hoje viessem a Patos de Minas ficariam estarrecidos. Esta cidade é muito barulhenta. Além desses foguetes dia e noite, tem as motos sem escapamentos, músicas ensurdecedoras de péssima qualidade e carros de som. Fora, coitados deles e de nós a latição desses mesmos cães. Toda casa tem um ou dois. Af.

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