A mineiridade cangaceira e rock and roll da banda Barabizunga

Por Caio Machado

Foto: Gabriel CZ

Com um nome extremamente curioso e com uma sonoridade que mescla elementos da música caipira mineira ao rock and roll e até mesmo o baião nordestino, a banda Barabizunga foi um grupo patense formado nos anos 2000.

A banda começou no porão da casa dos pais do baterista e flautista Ciro Nunes, que se reunia com os amigos Alysson Luoli (baixo e voz), Adriano Correia (guitarra e voz) e Timonha Jr. (guitarra e voz) para ensaiar e se divertir fazendo música juntos.

De forma espontânea, em meados do ano de 2004, a experimentação da banda nos ensaios e reuniões rendeu as primeiras canções que seriam o pontapé inicial para o surgimento da banda Barabizunga.

Ciro explica que o curioso nome da banda significa tudo e ao mesmo tempo não significa nada. Ele não se recorda da origem da alcunha, mas acredita que a inspiração possa ter vindo por meio do espalhafatoso herói mexicano Chapolin Colorado.

Não havia muitos lugares para que bandas de rock se apresentassem em Patos de Minas naquela ocasião, mas a banda chegou a se apresentar no extinto Hello Bar, no Gabizão Rock Fest e em festas de amigos.


Com um sentimento de identificação e pertencimento aos modos interioranos e o jeito caipira de ser, a banda Barabizunga realizou em 2007 uma ousada apresentação no interior do Mercado Municipal de Patos de Minas.

O show foi documentado na íntegra e demonstra como a simplicidade das inúmeras rodas de queijo, fumos de rolo, chapéus de palha e cães vira-latas, combinavam com a excêntrica sonoridade da Barabizunga.

Após participar do festival uberlandense Jambolada com a banda Vandaluz, em que Ciro também fazia parte, ele teve a ideia de reunir as bandas e realizar os próprios eventos, dando início ao Festival Marreco de Cultura Independente, em 2008.

O primeiro show formalizado da banda ocorreu no festival, que até hoje é realizado na cidade. O grupo decidiu então dar início às gravações das 11 faixas que estariam no primeiro e único disco da banda Barabizunga: “sertão rock roça”.



O álbum foi produzido por Moisés Martins e gravado por Clésio Eduardo no estúdio Ride Audio Design, no ano de 2009. O trabalho contou com a participação de músicos ilustres como o saxofonista Welick, o trompetista Paulo Márcio (Skank), dentre outros.

Logo na primeira faixa do disco “O que que isso?”, a Dona Maria de Lourdes, avó de Ciro, conta um causo na tentativa de explicar o tão misterioso significado da palavra Barabizunga. O neto afirma que Maria era uma grande inspiração para a banda.

As faixas “A Mula do Seu Zé”, “Barabizunga”, “Pão de Queijo com Baião”, “Criança” e “Pois é”, foram escritas com Alysson Luoli que também assina a letra de “Ser Humano”, em parceria com Cássio Peres, vocalista e gaitista da banda Vandaluz.

Já Ciro Nunes é autor de “Interior” e “Rio”. A faixa “Sebastião” faz parte da trilha sonora do filme “Deus e o Diabo na Terra do Sol” de Glauber Rocha e teve uma versão gravada pela banda sob autorização do compositor Sérgio Ricardo.

As canções do discos estão disponíveis no YouTube

Na foto da capa do disco, o avô de Ciro, Cicero Nunes, figura com um chapéu e uma espingarda, vestindo um cobertor e cercado de panelas, representando um ar de mineiridade quase cangaceiro.

O lançamento do CD aconteceu no Teatro Municipal Leão de Formosa e segundo Ciro, o show foi filmado, mas nunca lançado. O baterista afirma que em breve o material será disponibilizado na íntegra na internet.

A banda Barabizunga fez mais algumas apresentações após a gravação de “sertão rock roça”, tocando em cidades como Montes Claros e Uberlândia, mas infelizmente se dissolveu no ano de 2010.

Ciro lamenta o encerramento das atividades. “A banda tinha um potencial bom de circulação, com músicas diferentes e alegres, mas infelizmente éramos imaturos em relação à gestão do projeto naquela época”, disse.

A banda não se distanciou da música. Ciro é membro do grupo Pássaro Vivo e fez parte da banda O Berço, que foi fundada por Timonha. Adriano é guitarrista na banda Janela Verde e Alysson gerencia o Blackbird Motorcycle Pub, casa de show rock patense.

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