Escrito sobre o chão de tempos novos

Por Mikael de Melo

Imagem: Susano Correia

Excessivos foram todos os cansaços.
Sem presenças, sem abraços!
As gélidas noites que ocuparam os espaços…
Os medos, os números, os fracassos.

Dores coletivas, sorrisos... ocultos!
A multiplicidade das tempestades.
Um sopro de energia entre as adversidades?
A vida pós-moderna: tumulto.

Posto que foi guerra aqui venho
Com amor, consciência e fúria,
Sentimentos que contenho,
Bradar sem medo, sem lamúria
Por este chão contra a penúria, 
Por ele luto, a ele me atenho.

E de toda vívida alegria,
De todo ser daqui oriundo
Se alçará o grito que anuncia
O fim das dores do mundo,
Observando com olhar profundo
A Patos pós-agonia.

Quando se aproxima a noite mansa,
Anunciando o prelúdio de tempos novos,
O véu ao vento balança
O sopro de pura vida e esperança
Que ecoa ao horizonte deste chão que é nosso.

Esta terra banhada de sorte
Rejeita que não queiram vivê-la.
Rejeitamos, pois, até a morte!
Homem e mulher dirão: vamos bebê-la!

Tão logo percebem o chão que vivo,
Se veem de outros lares fugitivos
E terão por fim que reconhecê-la.

Repousa com vida e de vida banhado,
128 anos, um mundo transformado.
A Patos de Minas, de nós e do Estado.
A Patos que venceu, com sentimento honrado.

Mikael de Melo é professor, ator do Grupo TUPAM e poeta. Graduado em Jornalismo, é ex-repórter da Rádio Jovem Pan.

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