Por Elza Maia
Ninguém sabe, como é sempre existir.
E desde sua primeira instância correr.
Sempre, no espaço, correndo sem uma pausa. Correndo e comigo levando as dores do mundo. Assistindo o turbilhão se formar e me encarregar de os destroços levar. Correndo, correndo, ouvindo clamores para que eu faça tudo passar. Enquanto ao mesmo momento ouço ódio para que eu pare de tomar das pessoas o que elas possuem de mais importante. Então uma horda se forma atrás de mim, ingenuamente tentando me alcançar. Tento com todo rigor, tento com desespero lhes dizer para que parem, para que vejam como é inútil e danoso para eles mesmos tentarem me pegar. Mas sou mudo. Sobre meu ombro, sem parar de correr, com o cenho franzido pelo esforço vejo com imensurável dor desaparecerem com a minha sombra. Eu quero gritar, esse martírio, quero parar e abraçar a todos. Mas sou mudo. Constante. Ninguém, ninguém sabe como é ter milhares de mortos em suas costas. Ninguém sabe como é ter a responsabilidade de levar as dores e as esperanças enquanto tantos me perseguem.
Eu só queria sentar e afundar as mãos no meu cabelo. Parar. Então chorar.
Elza Maia é uma amante da escrita e aprecia colocar no papel os sentimentos da vida cotidiana. Futura psicóloga, pretende mesclar as duas paixões em uma.
Apoie o jornalismo independente e colabore com doações mensais de a partir de R$1,99 no nosso financiamento coletivo do Padrim: https://padrim.com.br/jornaldepatos
1 Comentários
Certa noite corri de mim mesmo para dentro de mim. Não existia o dentro de mim. Quis sair e não encontrei o fora de mim. E aí percebi que eu além de não ser, não fui e nem serei. Como você em mim.
ResponderExcluirObrigado por comentar!