Desde tenra idade frequentei a igreja, levada pela mão da circunstância. Naquela época, não havia parques de diversões nem áreas de lazer, como hoje. Brincanceava minha meninice no adro da antiga igrejinha Santa Terezinha, em Patos de Minas, onde podia correr, pular corda, usar patinetes, velocípedes e fazer algumas traquinagens. Em épocas de festas religiosas, havia barraquinhas com toda sorte de distrações, peraltices e guloseimas para o deleite da garotada.
Tal igreja da ordem franciscana, conhecida como igreja dos Capuchinhos foi posteriormente transferida para um imponente templo, próximo ao original. Minha assiduidade igrejeira se vinculava mais ao ludismo que à religiosidade. Ainda não tinha tido iniciações religiosas. Apenas acompanhava e imitava os mais velhos, na expectativa de escapulir para as estrepolias fora da igreja.
Aos cinco ou seis anos, ganhei de minha madrinha Anatildes uma roupinha de grande lindeza. Meus olhos jamais haviam vislumbrado coisa tão mimosa. Uma salopette ou “jardineira” vermelhinha, com aplicações no peitilho. Era um tipo de macacão inteiriço na parte dianteira, com tiras cruzadas no dorso. Fascinada pelo modelito e pela cor, decidi estreá-la imediatamente, no adro da igreja.
O dia já ameaçava cerrar as portas. O planger dos sinos anunciava o iminente cair da noite. De um lado, o horizonte se abrasava num céu varrido de nuvens. Do outro, o manto noturno já encobria parte da paisagem. Engalanei-me e me dirigi à igreja, aonde todos confluíam na hora do angelus. Afinal, não era todo dia que se podia exibir uma belezura daquelas. Mais chique do que nunca, de blusinha branca e salopette escarlate, atravessei a Avenida Brasil, passei pelo adro, ainda deserto, e entrei na igrejinha, onde reinava absoluto silêncio. Vi, à direita, uma grande fila para a confissão. Dei uma vista-d’olhos pelos quatro cantos à procura das amiguinhas. De repente, abriu-se a cortina do confessionário. Um frade barbado levantou-se e veio em minha direção dizendo toda sorte de impropérios. Eu não sabia se os reproches eram comigo, nem conseguia entender o motivo daquela fúria, até o momento em que ele me disse que aquilo que eu usava era a “veste do demônio”. Eu não sabia que se usava roupa no inferno, tampouco que minha jardineira não era um simples traje, mas um ultraje. Logo após, ele acrescentou:
– Onde já se viu tamanha descompostura! Mulher de calça comprida na casa de Deus!
Eu ainda nem era mulher. Apenas uma menininha magrela e assustada, que desconhecia as regras vestimentares. Comecei a chorar, não sei se de susto, de medo, de vergonha ou de tudo isso ao mesmo tempo. Pelas chispas do olhar do frade, percebi que eu deveria chispar dali o quanto antes. Jamais ousaria dirigir a palavra àquele que esbravejava fitando a pequenez da grande infratora. Fui posta porta afora sem delicadeza alguma, ouvindo repreensões do velho ranzinza, sob o olhar incomplacente dos fiéis. Ninguém se manifestou a meu favor.
− Devo ter cometido um pecado muito grave − pensei − mas juro por Deus que foi sem querer.
Saí meio apalermuda, sem saber o que fazer. Perdi a graça e o rumo de casa, mas não perdi a fé. Pra dizer a verdade, nem sabia o que era fé. Pelo que se ouvia dos adultos, devia ser algo muito importante, que não se podia perder.
Não comentei o fato com ninguém, temendo a zanga dos mais velhos. Assumi meu pecado e confinei-o no porão do esquecimento durante várias décadas. Hoje posso resgatá-lo sem risco de expiação e com forte dose de indignação.
Jô Drumond é escritora, tradutora juramentada e artista plástica. Já publicou 18 livros. Pertence a três academias de Letras: Afemil, AEL e Afesl. É colaboradora do Jornal de Patos, da Revista cultural Desleituras e publica no próprio blog.
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47 Comentários
Amei!!!! 👏👏👏👏👏
ResponderExcluirMuito bom, Jô. Aconteceu coisa parecida comigo em Campos dos Goitacazes. Um dia conto.
ResponderExcluirMt bacana seu resgate de infância, amei, parabéns👏👏👏🎈
ResponderExcluirTerminei a leitura com vontade de pegar no colo e consolar a menina da jardineira vermelha.
ResponderExcluirAmei Jô!
ResponderExcluirEste texto retrata mesmo conceitos distorcidos da época. Atitude imperdoável do religioso, sem alma , principalmente em se tratando de criança e tb de suas vestes!
Fiquei com vontade de "esganar o religioso, de tanto que me tocou!
👍👏👏👏👏👏👏
Parabéns!
Adorei!
Jô,adorei !!! Cadê Lourdes & Cia....lourinho
ResponderExcluirMuito interessante! Naquela época, nesta idade, tinha-se mais medo do que fé. Muitos estragos na personalidade são desta época!
ResponderExcluirMuito dificil foi a sua situação. E Como Pode não comentar o fato com ninguém.
ResponderExcluirImaginei aquela criancinha linda que devia ser com aquela veste tão linda. E saindo dali decepcionada.
Meu Deus!
ResponderExcluirNão posso dizer que não fiquei indignada.
E ninguém fazer nada???
Coitadinha dessa menininha!
Parabéns Jo pelo seu relato.
É sempre tão bom acompanhar seus escritos! Gostamos muito mesmo.
Obrigada. Um abraço
Q lindo tia. Parabéns vc sempre surpreendendo com seus causos. Fico impressionada com a sua criatividade e memoria boa. Como vc se lembra de detalhes da sua infância. Eu ñ me lembro de detalhes ñ. Mto bom. Sua memória esta Ótima. VC É MTO ESPECIAL. VC MORA NO MEU CORAÇÃO. BJUUUUU
ResponderExcluirQuerida Jô. Suas crônicas estão ótimas: muito bem escritas, raciocínio lógico... você quando criança com a roupinha nova vermelha foi de fato um ultraje do traje. Li duas vezes e me revoltei contra o clérigo. Só depois percebi que o fato aconteceu há muitos anos!!! É de morrer de rir.
ResponderExcluirNeida Lúcia de Moraes
Indignada com tamanho absurdo. Ainda bem que muita coisa mudou. Às vezes reclamamos da modernidade, da evolução, mas quanta coisa mudou pra melhor. Novos conceitos, visões, posturas. E assim, vamos evoluindo.
ResponderExcluirHoje é normal mulher usar calças, parece que você sempre esteve na vanguarda. Deu um ranço do frei barbado... o que será que ele escutou no confesssionário que o deixou tão bravo...pegou a primeira pessoa pela frente... Sofri junto com a menina de jardineira vermelha..."não foi adequado a um representante de Cristo agir daquela maneira". Espantou a ovelha...
ResponderExcluirOlá Jo! Amei seu relato. Antigamente nada se podia. Ainda bem que hoje tudo é possivel!
ResponderExcluirMuito bom Jô! Hoje vc pode fazer uma catarse bem humorada do fato com uma caneta!
ResponderExcluirTranscrever nossas experiências inesquecíveis nos faz libertador do preconceito. Simplesmente uma criança sem maldade, ávida por querer mostrar o adorável presente, rotulada justamente por quem deveria amavelmente entender.
ResponderExcluirAmei o texto pq hj foi revelado algo que ficou guardado por muito tempo, somente nas suas lembranças. Um abraço.
Eu convivi com esse Frade retrógrado. Ele ficou em Patos até à morte. Chamava-se Frei Antônio. Na igreja, ele não permitia mulheres com os braços à mostra, nem saias curtas e exigia que todas usassem um véu sobre a cabeça. Aconteceu comigo algo que hoje acho engraçado, mas que, no dia, me fez chorar copiosamente. Eu era muito jovem e havia recebido um beijo de meu primeiro namorado. A gente aprendia dos mais velhos, que beijar era pecado. Fui à igreja morrendo de remorsos, para me confessar. Frei Antônio me disse que eu era pecadora e que estava impura. Nunca poderia me casar de vestido branco. Teria que colocar flores roxas no vestido de noiva. Lembro-me que saí da igreja aos prantos.
ResponderExcluirGrande a braço
Maria José
Querida Jô. Lembro-me de que você não se entusiasmava com nada quando usava a linda roupinha. Até pensei que eu houvesse errado na escolha do presente. Eu nem quis perguntar porque você não havia gostado da roupa para não a deixar mais sem graça. Que pena! Eu, sendo sua madrinha, nada fiz para aliviar a dor do ultraje que você guardava no coração. Vc não se abriu com ninguém. Não guarde só para você aquilo que a aborrece. Divida o problema com alguém mais maduro e mais vivido. Perdoe-me se alguma vez lhe pedi que vestisse a linda roupinha.
ResponderExcluirBeijos de sua madrinha
Anatildes
Bom dia, Jô! Adorei a leitura da crônica: leve, prazerosa, crítica e repleta de ironia fina diante de um episódio que marcou a sua infância. E que memória, hein? Abraços!
ResponderExcluirJosé Roberto Santos Neves
Olá Jô...o frade ignorante se irritou com a cor vermelha que na cabeça dele era própria aos vestimentos do Diabo...Ignorante em dobro porque o vermelho era cor dos Cardeais da Igreja Católica em Roma. Também naquela igrejinha feia e pobre o Deus colocou um padre feio e pobre de espírito e uma menina linda de morrer que se torno uma bela moça e escritora de mão cheia. Ele , se foi pro céu já se arrependeu...Deus com certeza fez a justiça... Parabéns por mais um conto! Um abraço
ResponderExcluirValentina
Merci Jô.Tu vois, j'ai connu presque la même chose avec les curés qui nous interdisaient d'entrer à l'église avec les bras nus!������ Chantal
ResponderExcluirJô,
ResponderExcluirAdorei o texto! Você conta o fato com tanta maestria que dá vontade de voltar no tempo, conhecer este religioso ignorante e dizer tudo o que ele precisava ouvir.
Mexe com todos que lêem
Parabéns!
👍👏👏👏👏👏😍
Que incrível, Jô! Eu também me lembro de minha avó sempre dizendo que “ mulher que não é vadia” não usa roupa de homem. Dizia também que “nem as vadias usam roupa de homem na igreja”.
ResponderExcluirEu já estava casada quando usei uma calça para ir à missa, isto porquê era uma manhã depois de uma nevasca e estava muitos graus abaixo de zero em NYC. Entendo que vc não tenha esquecido o acontecido e como isto deve ter contribuído para afastá-la da religião. Ótima crônica! Parabéns mais uma vez! Bj
Maria Avany Borges
Foi por causa de um padre assim que, em 1954, decidi fazer tudo para perder a fé. Foi quando comecei a ler Voltaire, Guerra Junqueiro, entre outros autores que eu sabia serem contra a Igreja Católica, mas ainda crentes em Deus. Aperfeiçoei meu horror ao catolicismo tornando-me ateu. Descobri trinta anos depois que o padre que me fez desistir do catolicismo morava no Porto, exatamente na rua Guerra Junqueiro. Felizmente não procurei comunicar-me com ele. Ele certamente não se lembraria daquele adolescente que ele humilhou e desprezou. As pessoas se esquecem das maldades que fazem, mas quem sofre as maldades dificilmente as esquece. Há feridas que nunca cicatrizam... Parabéns, Jô, pela sua belíssima crônica.
ResponderExcluirO relato que traz à tona, um resgate muito interessante! Aconteceu um fato parecido comigo também em Patos de Minas, dentro da Igreja, com o bispo. Na verdade, aconteceram 3 fatos marcantes comigo em Igrejas, os quais acabaram me afastando delas.
ResponderExcluirPrimeiro: eu morava em Patrocínio - MG. Tinha o costume de assistir à missa aos domingos, tivesse sol ou chuva eu estaria firme em meu propósito. Porém, durante a pregação do padre, muitas pessoas ficavam cochichando e rindo das outras, como se estivessem naquele local apenas para se ocupar da vida alheia. Dessa forma, tiravam a atenção de quem estava na Igreja com o propósito de assistir à missa. Isso me incomodava bastante e me fez desistir de continuar assistindo às missas aos domingos.
Segundo: eu morava em Patos de Minas. Um dia, resolvi procurar um padre para me confessar, pelo fato de estar afastada da Igreja por muito tempo e pelo fato de não assistir mais às missas. Pensei que estivesse em pecado. Quando o padre perguntou: "Há quanto tempo você não se confessa"? Eu respondi: "alguns anos". Ele ficou muito bravo, principalmente quando eu disse que me confessava diretamente com Deus. Esbravejou ainda mais. Em tom muito alto e ríspido disse-me o seguinte:" você está inventado uma própria lei? Não existe essa de confessar diretamente com Deus. Para que servem os padres então? Nós somos os mensageiros de Deus. Por isso a confissão precisa de passar por nós e então passamos a penitência para que Deus perdoe os seus pecados". Como penitência, tive que rezar um terço, de joelhos. Fiquei muito decepcionada, sentindo-me a pior pessoa, naquele momento.
Terceiro: quando fui procurar a Igreja de Patos de Minas para batizar meu primogênito, ele já estava com 2 anos de idade. Essa demora se deu, pelo fato de eu querer para padrinho e madrinha, minha irmã e meu cunhado que moravam em Rondônia, local este, onde meu filho havia nascido. Como a vinda deles à Minas Gerais foi postergada, o tempo foi passando e meu filho completou 2 anos. Foi aí que resolvi procurar o Bispo da Igreja para que o batismo fosse realizado, com outros padrinhos. O Bispo então me excomungou, disse que eu era uma pecadora por deixar um filho por dois anos sem batizar. Depois de brigar muito comigo, resolveu fazer o batismo.
Tudo isso vai deixando marcas na nossa lembrança, vai ficando registrado em nossa memória e nos leva a pensar e refletir muito sobre o assunto. Serve como aprendizado. Mesmo alguns dissabores da vida podem nos impulsionar a conseguir superar as dificuldades. O ser humano erra. Sabe-se que ninguém é perfeito, embora queiramos sempre buscar a perfeição.
Lúcia Nunes de Oliveira.
Só você amiga. Descrever com tanta clareza essa cena cheia de crueldade. Para a época, não sei se seria crueldade. Essa deveria ser a orientação que o velho padre tinha obrigação de propagar. E você não foi diferente das garotas naquela época. Sofreu calada, enxugou as lágrimas e nem sua madrinha ficou sabendo. ����������
ResponderExcluirMJF
Passei por um episódio parecido, numa igrejinha no interior de Portugal. Estava de calças compridas, viajando com meus pais. Entrei nessa igreja para conhece-la e para rezar um pouco. Saiu uma beata lá da frente e disse que me retirasse porque estava de calças e não de saia. Fiquei assustada, mas minha mãe foi até ela e lhe disse que ela devia estar rezando e não prestando atenção em quem entrava ou saía. Eu tinha 16 anos, na época.
ResponderExcluirExcelente relato, Jô! É impressionante a insensibilidade deste Frade Capuchinho ao lidar com uma criança inocente como se esta fosse um adulto. Uma atitude deplorável e deseducativa.
ResponderExcluirFrancisca Nunes Caixeta
Jô, ótimo texto! Cartático, não? Imagina o inferno que um religioso desses deve ter criado nas almas dos fiéis! Esse enorme temor acorrentou gerações e gerações! Disciplinou e enlouqueceu muita gente! Ditadores da fé e da política sonham em ressuscitar esses tempos transformando as “massas” em obedientes cordeiros. (No capitalismo todos nós somos um bando de consumidores, daí ter usado o termo d’O Capital).
ResponderExcluirUma loucura. Uma prepotência sem tamanho! As mulheres sempre foram vítimas do puritanismo e do recalque de padres. A interpretação que fazem das Sagradas Escrituras lhes é conveniente para perpetuar a misoginia. Isso sobre a questão da Eva e da maçã do pecado.
Quem defendeu as mulheres da fogueira? Do arbítrio de julgamentos apressados e infundados?
Carregamos na nossa história séculos de condenação, de punição, de injustiça especialmente por questões ligadas à sexualidade!
Maria da Glória Olivieri Caixeta
Esta crônica de Jô Drumond me fez lembrar a terrível espinafração que um capuchinho holandês passou em uma mulher na Igreja de São José, em BH, em uma missa, na presença de centenas de fiéis. Com o vozeirão forte e sotaque arrastado, arrasou a pobre coitada, só porque ela estava com um vestido decotado.
ResponderExcluirDe volta a Patos e à sua "excomunhão", ainda criança, dei mais razão à minha avó Doce. Ela não tolerou o xingatório de um padre da "Inquisição" que se intrometeu publicamente nos negócios de seu marido, que já havia morrido e a deixado com uma penca de filhos. Indignada com a crítica feita pelo vigário, ela saiu da igreja na hora, nunca mais voltou e ingressou na Igreja Presbiteriana - um sacrilégio na época. O pessoal antigo dos Patos, a exemplo de Dona Doce, não tolerava desaforos; quanto mais de padre e em público...
Parabéns por mais esta sua ótima crônica!
Francisco Brant
Perfeito retrato de uma época.
ResponderExcluirParabéns, amiga!
ResponderExcluirSeu texto é tão lindamente claro e verdadeiro que até tenho inveja de sua belezura.
Gostaria de saber falar assim como você, minha “mestramiga”.
Dizer com belas palavra que o ultraje, muitas vezes, está nos olhos de quem se veste de santo.
REGINA MENEZES
Jo, na Cidade não podíamos sair da missa enquanto não terminasse, e a igreja lotada aos domingos.
ResponderExcluirImagino que decepção ao ouvir a grosseria do padre.
Sua jardineira deveria ser linda quanto você, e criança adora roupa nova. Você é uma excelente escritora e nos surpreende com sua memória, a qual a remete à infância.
Quantas vezes omitimos algo que nos feriu. Que ótimo ser escritora e extravasar a alma da menininha.
Parabéns, querida Jo.
Adorei. Já passei por algo parecido. Aos onze anos, usei calça comprida e tive de confessar o "pecado". É mole?
ResponderExcluirJô, esse padre devia ter uma tremenda mancha escura na alma. Caso idêntico ocorreu a minha filha, há cerca de nove anos, em Vitória. Coitada, colocou uma calça comprida num dia frio de junho.
ResponderExcluirP.NUNES
Tb tive meus percalços enquanto menina que não conseguia entender na ocasião, tb me recolhia e aceitava que os adultos sempre tinham razão! Parabéns! Muito bom e ao mesmo tempo de grande indignação!
ResponderExcluirParabéns pra Jô. Sou desse tempo, quando as internas da minha escola tomavam banho de camisola para não verem o próprio corpo. Usar calça comprida era pecado "de confessionário", na fala da época. Graças a Deus passou.
ResponderExcluirFiquei imaginando a menininha de jardineira vermelha assustada com o "susto" do padre.
Muito obrigado, Jô. Adorei a crônica.
ResponderExcluirAlguns clérigos fizeram tanto mal a crianças no mundo que terão dificuldade em obter o perdão divino para seus próprios pecados.
Abraço.
J. Reis
Que pena da menininha...mas antigamente tudo era rigoroso e proibido sem se saber o porquê, não é verdade? Ainda bem que conquistamos um pouco de liberdade!
ResponderExcluirV. Guimarães
Muito boa mesmo a crônica e trata de um tema que toda a nossa geração conhece bem
ResponderExcluirJ
Lindeza de crônica, Jô Drumond. Talvez aquele frade doido tenha se salvado por ter possibilitado, mesmo sem querer, que você criasse texto tão belo. Abração!
ResponderExcluirFernando
Li sua recordação. Como sempre seus relatos nos levam a terminá-los pois agradam pela riqueza pura dos conteúdos. Muito rigor presenciamos no passado. Hoje quando vejo pessoas de sandálias, bermudas, com roupa sem mangas e decotadas lembro-me das antigas obrigatoriedades. Nem ajoelhar com um só joelho podia. O padre parava a benção e dizia:
ResponderExcluir- não há metralhadora aqui para atirar.
E.A.de Oliveira
Muito interessante, entrei no conto e, acredito, que até hoje os ministros do cristianismo, precisam de aulas de psicologia.
ResponderExcluirNão fossem essas adversidades todas, essas travessuras que a existência impõem a nós mortais, talvez nem houvesse Literatura. E você, dessa desventura --- em verdade, um trauma--- transformou em ótima crônica : exemplarmente descritiva, reveladora dos maus costumes de uma época retrógrada. Fosse em recuados tempos , inquisitoriais, talvez tivessem lugar em ardente fogueira tanto afilhada quanto madrinha ( nada fada; antes, bruxa). ------Marcos Tavares, de Vitoria-ES.
ResponderExcluirAmei o texto, Jô. Como sempre, você é brilhante com as palavras, com as abordagens e com as ideias. Lamentável quando percebemos que, historicamente, as pessoas se achavam portadores de credenciais para cometer toda sorte de desrespeito com as outras, não poupando nem mesmo as crianças. Muito bom lembrar o quanto o entorno da igreja era atrativo para as crianças... uma festa só... talvez fosse melhor frequentar só essa parte.
ExcluirAGDA PIMENTEL
Que dó da menininha! Que covardia! Viajei no tempo para meus 6 anos e vi-me num canto, à parte, personagem da estória. Menininho, tímido, mudo e vendo aquela garotinha ingênua simples, de repente , caindo sobre ela trovoada de raios, impropérios, grosserias. Pobrezinha, mas corajosa, não impalideceu, não chorou alto, não desmaiou diante do carrasco. Saiu assustada, lívida, mas em pé. Bravo! 👏👏👏Amei o texto. Lindo. ♥️♥️🌺🌺🎈🎈
ResponderExcluirVocê é surpreendente, Jô! Nas décadas de 50 e 60, havia em Patos alguns Padres que transformavam a Igreja em um local tão cheio de regras e pecados que a gente tinha até receio de frequentar. Na Catedral de Santo Antônio, o Padre Almir chegava a expulsar fiéis que não seguissem o padrão estabelecido por ele. Nessa época, a Igreja era pouco acolhedora. Tínhamos muito medo e pouca devoção por conta desse amontoado de regras que tínhamos que respeitar sem saber o porquê.
ResponderExcluirObrigado por comentar!