Água cadente

Texto e imagem por Lívio Soares de Medeiros


A sede não tem fim.
No país dos alimentos envenenados,
querem privatizar a água.

Os que já morrem famintos
morrerão de sede.
Os que já morrem sedentos
Morrerão de sede.

A carne é cara,
o combustível é caro,
a água será cara.

Na líquida meritocracia,
ricas taças em mãos
que empunham látegos
invisíveis e eficazes.

Na sólida sarjeta,
a sede de um homem
ergue, com fome,
os lábios para o céu,
bebendo da água
que cai para todos.


Lívio Soares de Medeiros é autor de Leve Poesia, Algo de Sempre, Dislexias, Amor de Palavra, Anacrônicas, O Livro de João, Entrevista com o Professor e O Fim do Brasil. Dedica-se também à fotografia.

Apoie o jornalismo independente e colabore com doações mensais de a partir de R$1,99 no nosso financiamento coletivo do Padrim: https://padrim.com.br/jornaldepatos

Postar um comentário

0 Comentários