O cântico interior

Por Mikael de Melo

Imagem: Brainly

Diante do reino que se aproxima
E ao vigésimo quinto dia prometido,
Respiro atento ao olhar acima.
A cura provém do Homem ferido.

E deste paraíso que me invade o espírito
Surge o alívio junto a tua chegada.
Os pés descalços que iluminam a estrada
Eliminam as dores do meu coração contrito!

Então cantam os anjos - a eles se ordena -
As canções que ressuscitam os ímpios.
Observo, ainda, com semblante tímido
Que o Homem surge sobre a relva serena.

É momento para a reescrita da minha história,
Tua influência exige louvor e glória...

Ao absorver o seu sangue em clamor
E a carne daquele corpo sacrossanto
Escorrem-se lágrimas de puro amor,
De sinceridade, acalento e encanto
Daqueles que notam Tua existência
E em contato com o esplendor da Tua essência
Renovam o ser através do pranto.

O filho imundo que então regressa
Ao lar que sempre fora sua morada,
Envergonhado pela carne que carrega
E pelo legado devasso que criara,
Foi então pelos braços da trindade recebido,
As lágrimas do poeta de fato secara.
E à luz foi em triunfo conduzido.
O sentimento de ter sido um dia renegado
Dá lugar à exaltação do Homem temido.

E novas portas se abrem e ressoam.
Em alto som tais dizeres ecoam:
- Que neste dezembro atordoado,
Após o dia do nascimento do Filho,
Todo o ser encontrará seu brilho.
E se foi um dia insultado e condenado
E se foi um dia arrancado do trilho
És, agora, a teu modo aceito e amado!


Mikael de Melo é professor, poeta e ator nos grupos Tupam e Dell'arte Teatro. Graduado em Jornalismo, é ex-repórter da Rádio Jovem Pan.

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