Sempre voltei para Ítaca

Por José Eduardo de Oliveira


Para James Joyce, o escritor de Ulisses - que foi terminado há cem anos-, um sobranceiro, fornido, louco e apaixonado irlandês nascido em 2 de fevereiro de 1882 e morto em 13 de janeiro de 1941. Todos nós somos Ulisses, mas as Penélopes, não sei mais...

Sempre voltei para Ítaca

Não lamentes e nem te arrependas
Tróia não existe mais

[Patos de Minas não existe mais
Belo Horizonte não existe mais
Ouro Preto não existe mais
Congonhas não existe mais
Dublin não existe mais
Mariana não existe mais
Desemboque não existe mais
Tróia não existe mais

Prisões geográficas
Da memória
e da Pandemia]

[os bares estão momentaneamente indisponíveis, mas a bebedeira não]

Não lamentes
Não só você foi deixada

Porque sempre voltei para Ítaca
Deixei Calípso Deixei Nausicaa
Deixei muitas poderosas e sedutoras circes dos destilados
Sem contar as sereias de garras rubras

Cilas e Caribdes apenas olharam para mim:
Não devoram vermes...

Não lamentes ou regozije

Voltei para Ítaca
Porque nada mais podia te oferecer
Tróia não passava de uma cidadela
De ilusões

Voltei porque fiz isso tantas vezes
E você nunca pediu para eu
Ficar em Troia

Não lamentes
Voltei para Ítaca
Como se voltasse
Para Hades
Para Hades...


José Eduardo de Oliveira é licenciado em História pela Universidade Federal de Ouro Preto

🦆

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