Por Elza Maia
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Imagem: Ling B. |
Aninhou a cabeça no peito morno e sentiu seus ombros serem envolvidos pelo enlaço confortável de seus braços. O som pesado e profundo daquele velho coração ressoava em seu ouvido, colado contra a blusa sobre a pele, sobre a carne, sobre os ossos, sobre a vida. Sentia o ar entrar e sair, contra o topo de seus cabelos, esvair-se em seu rosto, aquela respiração suave. Com a pontinha do nariz afagando gentilmente, ela tomava aos poucos o tempo que tinha e o mantinha como uma pluma no ar, sem deixar que tocasse o chão. Sem deixar que fosse, afeiçoando-se a cada pequeno detalhe, a cada toque sutil, gentil, naquele abraço. Protegida, apertava o corpo contra o seu, sentia seu corpo apertado. E não fazia sentido deixar, imersos na pureza de um toque. Um dedo contra o outro, uma respiração perdendo-se na outra. Apertar era pouco, perder-se era o desejo. Em um abraço, ele tocou a cabeça dela com o queixo e descansou. Ela sorriu, fechou os olhos e sentiu. Contra aquele peito velho. E era doce. Como aquela canção, macia, que ressoa ao fundo acariciando o coração, enquanto ainda era cedo para partir e tarde para deixar.
Elza Maia é uma amante da escrita e aprecia colocar no papel os sentimentos da vida cotidiana. Futura psicóloga, pretende mesclar as duas paixões em uma.
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