Incógnita

Por Treta


Quem sou eu?
Dividido entre o sufoco e o espaço
O real e o imaginário são cenários sem bastidores dessa minha história

Pronto pro próximo passo
O que me difere é a consciência do meu passado
Já que tudo cai nessa somatória
Deixei escrito minha vida em verso e prosa
Pra que alguém me mantivesse na memória

Mas o dia não clareia pra quem não percebe a aurora alheia
Seres humanos? Não
Almas em humanos
Sem almas te pergunto o que sobra?

Já que a semana não demora
E eu me perguntando quanto tempo a gente tem
E o tempo só tem passado
O que me resta é o agora

Então vamo embora
Porque já estamos atrasado
Assassino sem refém
O relógio não para a hora
Nem pra mim nem pra ninguém

Sobrevivência ou existência
De novo me questiono isso por horas e não acho nenhuma resposta

Com o diabo escutei uma bossa nova
A um passo do necrotério
E meus dois olhos se abriram
Como uma bebê sob seu berçário

Aonde tudo é novo
E a única certeza é a cambaleado
Ainda que já esteja de idade


Acordo todo dia como se fosse minha última oportunidade
E respeito ao máximo a quem passa por mim nessa viagem
Mesmo que seja em vão

Entre mágoas e felicidades

Estrelas pulsantes
Caminhantes em suas matrizes
Aonde ninguém tem razão

Nem mesmo este que vos escreve
Mal sabe o que diz

Na verdade me sinto isolado por não saber quase nada
Mas abençoado por saber valorizar o meu pouco

Confuso por me chamarem de poeta
Quando tenho a nítida certeza

Que sou louco.


Conhecido como "Treta", João Paulo Reis tem 21 anos e é poeta e slammer.

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