Imagem: Susano Correia |
Anunciei anteontem o fim dos tempos.
Aguardei em silêncio o espetáculo que viria.
Olhei pro humano com frio e sedento.
Senti pena do que o bastardo sentia.
Não desisti do fim naquele momento
Em que o humano se redimia.
Olhei pra mim, olhei pra dentro.
Quanto misericórdia ali cabia?
Como prometi, trouxe desgraça
E as tentativas de clamor eu não ouvia
Realizei apenas o que a escritura declarava
Em 11:11, Jeremias.
O que tornou-se o homem
Se não uma busca desenfreada
Pela existência doentia
De fazer da vida porca morada
Num mundo de desejo e antropofagia?
Mikael de Melo é professor, poeta e ator nos grupos Tupam e Dell'arte Teatro. Graduado em Jornalismo, é ex-repórter da Rádio Jovem Pan.
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