Acorda, Pedrinho! Já é golpe!

Manifesto contra o autoritarismo

Por Flavio Sousa

Vou direto ao ponto! Curto e grosso: o fuzil está apontado para nós – o povo brasileiro. A sanha golpista dos militares, que acreditávamos moribunda, foi ressuscitada. O golpe já foi dado; faltam os tanques nas ruas. Todas as peças deste xadrez macabro estão posicionadas. É o xeque dos milicos! Entretanto, a partida não está perdida, mas a reação popular deve ser rápida e do tamanho da ameaça imposta. É preciso que o povo brasileiro dê um “chega pra lá” nos lacaios do neofascismo tupiniquim. Digamos em alto e bom tom: não autorizamos nenhum golpe contra a institucionalidade brasileira!

Insisto na tese de que o golpe já foi dado. O episódio lamentável presenciado na tarde ontem (14/07), no Senado Federal, é a prova inconteste deste argumento. Quando o Ministro da Justiça – um General do Exército – se une a um Coronel para questionar a legitimidade do processo eleitoral, não se trata do indício de um golpe, mas o próprio golpe encarnado. Paulo Sérgio Nogueira e Marcelo Nogueira de Souza não foram a Comissão de Fiscalização do Senado para “apresentar possíveis falhas na urna eletrônica”. O nome disso é ameaça! A mensagem é clara: ou “o nosso lado” ganha ou o país que arque com as consequências.

O silêncio ensurdecedor de setores da grande mídia é assustador. Minha avó, a sábia Dona Rosária, costumava dizer que quem cala consente. É disso que se trata? Mais uma vez a imprensa vai se colocar ao lado dos golpistas? O que virá depois? Vão justificar a investida com a “ameaça comunista”? Em se tratando de democracia, o silêncio da imprensa significa, sim, consentimento! Os editoriais desta semana de Estadão e Folha de São Paulo são ridículos e ainda falam de “desrespeito a ordem fiscal”. Bando de abutres! O desrespeito flagrante é outro! É a democracia, imbecil!

Como bem lembrou o professor Vladimir Safatle, a oposição brasileira precisa aprender que não estamos diante de embates políticos. “Ela [a oposição] prepara-se para eleições, finge sonhar com frentes amplas, esquecendo que, desde o fim da ditatura, sempre fomos governados por frentes amplas e vejam aonde chegamos. [...] Não foi por falta de frente ampla que estamos nessa situação”, escreveu filósofo em oito de setembro de 2021.

No meio desta barafunda, os liberais irão às ruas, podem ter certeza, mas do lado errado; pra variar. O argumento será o mesmo de sempre: “liberdade”. Com essa desculpa, essa turma – liderada pelo partido NOVO e outros asseclas do bolsonarismo de sapatênis – justifica a truculência e a ignorância. Diante da ameaça do golpe, embatucados assistem o descalabro e, para variar, postam um vídeozinho do Lula. Não se pode esperar nobreza dessa gente. Os nossos liberais são “as vivandeiras alvoroçadas que vão aos bivaques bulir com os granadeiros!”

Os fatos mostram o pior. A não realização das eleições é realidade; só não vê quem não quer. O futuro que se desenha neste presente está ameaçado por cassetetes e balas de borracha! E não custa lembrar que certo pensador contemporâneo – dotado de rara ignorância – anunciava o golpe: “Basta um cabo e um soldado”!


Flavio Sousa é jornalista e escritor. Autor de "Crônicas Devassas". Especialista em marketing de Moda e Celebrante de Casamento.

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