O que abriga o horizonte?
Como pode tanta infinidade me trazer o silêncio interno?
Já talhei o céu na pele
Em uma tentativa de vê-lo dentro de mim,
Outro dia ainda cedo eu existia num pôr do sol,
Também me lembro de ter existido no exato ponto onde o céu toca o mar,
Fora isso não sobra muito,
É difícil se perder com tantos gigantes de concreto,
É difícil se encontrar com tão pouco horizonte,
E eu lamentando minha pouca posse,
Ironicamente, como se eu possuísse ao menos o tempo,
Como se algo pudesse pertencer de fato a alguém.
Dá-me o horizonte!
Pois nele afogo em mim,
Pois nele diluo em Deus,
Dá-me o mistério!
Que colide "o amor e medo" em um inebriante céu profundo.
Ando cheio demais dos outros,
É tanta personalidade que uma só pessoa abriga.
Tô tentando driblar essa multidão de gente existindo nos poucos amigos que tenho,
Nunca antes quis tanto a solidão,
O silencio,
Algo que dure mais que um banho,
Algo que seja mais profundo que uma beleza efêmera de um céu.
Por que tudo é tão rápido?
Eu inspiro ao ver o pôr do sol e quando expiro já é noite
Eu odeio a noite.
Natural de Vazante, Igo Maia residente em Patos de Minas desde 2019, é músico e compositor e trata a poesia como uma religião.
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1 Comentários
Que texto genial!!!!
ResponderExcluirObrigado por comentar!