Então sou quem?

Por Natália Marins

Imagem: Susano Correia

São 4 da manhã e eu tô aqui arrumando quarto pra não ter que arrumar a bagunça que tá aqui dentro de mim, tô vivendo os dias em um sorrateiro castigo, estando sempre comigo e fugindo fingindo que sim tá tudo bem, mas no fundo só eu sei de tudo que eu passei e quantas vezes sozinha eu me vi perdida, em pensamentos em decisões em omissões em culpas que não não minhas, estou cansada mas minha cabeça não para. Estou em movimento porque não vejo outro sentido senão continuar vivendo os dias que passam breves como felicidade, é angustiante não estar cheio de sentido, só tenho sentido uma mistura de dor com amor e vou seguindo pra lá e pra cá as vezes paro pra fumar mas sempre com uma vontade inegável de sei lá, sair daqui ir pra outro lugar dar um tempo de resistir de planejar de viver, apenas viver respirar ser se respeitar se amar.

São quase 5 e eu sigo sem sentido mas no meu ouvido ouço ruídos que dizem que eu até que tenho conseguido ser feliz ao menos quando eu tô distraído, iludido.

Mas não tem perigo, porque eu sigo vivendo os dias como um paraíso, onde anjos caídos que nem eu não tem juízo mas nunca duvidei de Deus.

Peço perdão aos meus e olho pra mim vejo aquele eu, não sou mais eu? Entou sou quem? Eu hein... parece que nem se reconheceu, há luz no seu breu.


Natalia Marins é formada em Letras pelo Centro Universitário de Patos de Minas, tutora, poeta, slammer, sonhadora e sensível à simplicidade.

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