Não te matei em mim

Por Ana Andrade

Dedicado a Carlos Henrique Marques de Andrade (07/08/1990 - 30/10/2010)

Sexta à noite, enquanto bares estão lotados eis que surge um pensamento recôndito, como se palavras não fossem suficientes pra expressar o que é viver, recorro em preces a Nietzsche, porque no meu inconsciente talvez Deus esteja morto.

Não te matei em mim! Uma década se passa e eu ainda espero você chegar na porta de casa para conversas intermináveis sobre nada.

”Entre o retorno de Saturno e o seu busco uma resposta que acalme o meu coração”.

Entre as minhas lagrimas e pensamentos salgados me questiono sobre como seria sua vida hoje, se estaria casado, com filhos, se estaria feliz. Seu all star sujo no fio de energia só relembra como nossos caminhos se distanciaram com o tempo, em contrapartida todos os dias meu coração pulsa saudade.

Num eterno retorno, Zaratrustra ecoa em meu íntimo dizendo:

“Tudo vai, tudo volta; eternamente gira a roda do ser. Tudo morre, tudo refloresce, eternamente transcorre o ano do ser.”

Não te matei em mim! Entre as serras que passamos, recordo do dia que você disse que iria morrer jovem, penso que a jovem em mim morreu quando você se foi.

Num momento sufocante na esteira perdida no exterior de mim mesma sinto que você esta comigo. Não te matei em mim!

Ainda não te matei em mim... e nem pretendo meu amigo!


Ana Paula de Andrade é bacharel em Engenharia Civil, licenciada em Física, pós graduanda em Engenharia de Saneamento Básico e Ambiental e graduanda em Medicina. Escritora amadora nas horas vagas, amante da física e das artes.

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1 Comentários

  1. Belíssimo texto, matar não é mesmo possível, mesmo já foi triste demais vê lo parir!

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