Já raiou o dia, o trabalhador se ergue,
Antes do sol, café e poesia. Labuta converge.
No peito a esperança, corajoso e destemido,
Na vida a dissonância, às vezes retido.
Na rotina longa, cansaço que assombra,
Realidade material, te enxergo em sombras
Turvas tarefas árduas responsabilidades,
Ele desbrava caminhos, não as adversidades.
Na pausa do almoço, pega sua caneta,
Transforma boletos em versos, essa marreta.
Amartela poemas em meio às obrigações,
Engole o cansaço e suas contradições.
Entre números, cálculos e planilhas,
Na métrica concreta poesia, pilhas e pilhas.
Poemas que são fugas, mapas, direção
Refúgio onde encontra paz, caos, expressão.
E à noite, exausto, volta ao teu lar,
Com alguns boletos pagos, outros rabiscados a suportar.
Mas os versos que escreveu enchem sua alma,
Soco e paz, em meio a calma, no olho do furacão.
O trabalhador entre o poema e a contradição,
A força, a forca e a pouca condição.
Carrega consigo o fardo do teu tempo,
Caos e alívio nas palavras, esmera o talento.
Seu esforço ignorado, trabalho subvalorizado
Poemas no silêncio sufocado. Trabalhador-poeta
Contradição e dualidade, entre a labuta e a poesia
Que seus versos sejam gritos de agonia
Denunciando a realidade.
Mineiro desde 1984, Rugério Vaz respira poesia e joga uns poemas ao vento. Estudou Comunicação Social no Unipam e descobriu que prova não prova nada.
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