Contemplo fixo um crescente círculo

Por Agostine Braga

Contemplo fixo um crescente círculo


Fosse apenas caracol em cruz de beco

Mas foi me envergando por além de largos.


Rondou-me a turvar o horizonte.


Contorço-me hoje no apartamento.

As paredes se vão me encerrando


E o olho mágico estende o corredor e os circunstantes

Que se despedem de mim num éon-retorno-aceno.


Sinto o vibrar de concha dissipar-me em ondas...


 (a mesa que parece girar por mim

 quem o faz pelo tapete são os outros)


E expio-me escutando vizinhos por buracos,

Tatuando os passos de todos no meu corpo,

Circuncisando geral cenário em domo.


Em breve fim virá o momento de dissolução —

Não me escutarás por estas linhas a ti confiadas,


Trêmulas, contudo, tão tenras, tão humanas...


Não haverá homem sombreando desertos,

Ajoelhando-se frente a cactos, nem jovens

Em elevadores com seus segredos.


Pois serei célula de um pulsar que nega

O ar e a água, a metamorfose e os elementos.


Criando então um autômato circuito oco,

Um murmúrio impessoal dobrará cruzes


Sob fissuras crescentes:


Gamas de rondas que trespassam os becos

E acercam-te em nó ao pescoço a traço rente.


Agostine Braga é um poeta situado em Patos de Minas.


🦆

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