Por Caio Machado
Costumo resenhar os lançamentos musicais patenses em terceira pessoa, mas como dessa vez eu faço parte banda em questão, vou escrever este artigo em primeira pessoa para não soar parcial ou tendencioso. Eu juro!
A banda Tangara acaba de lançar o single “Manifesto”, que como o título da faixa e deste artigo sugerem, se trata de um reclame contra as más práticas em festivais de música perpetuados e repetidos Brasil afora.
A letra é do Tuco Nunes, que canta e toca e guitarra base e da Juliana Vivas, responsável pelas percussões e backings vocals. Aberta a várias interpretações não cabe a mim explicar quem é o Getúlio e para qual festival ela pode ser destinada...
Explicar o significado é tirar toda a mágica de qualquer lirismo ou filme do David Lynch. Brincadeiras à parte, deixo ao ouvinte interpretar como quiser essa música que para mim pode ser aplicada a 98% do circuito de festivais de música do país.
Vou me ater a falar sobre a sonoridade da faixa. Eu que praticamente caí de paraquedas para tocar guitarra solo nessa banda e nessa música, que em específico para mim já estava praticamente pronta quando fui incumbido de criar arranjos.
A bateria do Netto Groove rouba a cena e preenche tudo que é espaço nos acordes com sétima palhetados pelo Tuco. Sem falar que o Ogusto Rener conseguiu com maestria preencher tudo com deslizantes e responsivas linhas de baixo.
Me restou incluir sintetizadores nos versos e repetir os acordes do refrão com um efeito de oitava e whammy bar. Pro final eu sujei tudo com fuzz num lance meio shoagaze e criei o solinho que fecha a faixa com um gostinho de quero mais.
Os vocais mostram um Tuco sem os falsetes característicos das faixas anteriores “Solar” e “Tribal”, além das adições de coros e vocalizações do Netto, Ogusto e da Juliana, que inclusive faz uma dobradinha a partir da segunda parte da música adocicando tudo.
A canção começou a ser gravada em fevereiro deste ano e inclusive parecia que não ia terminar nunca. Infernizamos o Alan Girardelli do Daum Rec Estúdio por meses a fio até que a mixagem ficasse pronta. Desculpa qualquer coisa!
Por fim, a faixa foi enviada para ser aquecida no gravador de fita do Leonardo Marques, produtor belorizontinho cujo vulgo é “Ilha do Corvo”, que outro dia mesmo ganhou um Grammy latino com um tal de Bala Desejo...
A capa é da Julia Morais, que redigiu o manifesto inteirinho num manuscrito retrô, com ares de papiro, para que os ouvintes cantem junto enquanto fazem o streaming da música no Spotify, Deezer e afins. Falando nisso: corram lá pra ouvir!
Caio Machado é bacharel em Jornalismo pela Universidade do Estado de Minas Gerais. Pós-graduado em Jornalismo Digital, além de editor-chefe do Jornal de Patos, também atua como repórter televisivo, produtor musical, artista independente e guitarrista do Tangara.
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