Paga-se bem o vereador, paga-se bem o professor!

Por Vitor Salomão

Foto: Caio Machado/Patos Notícias

Futuros candidatos e candidatas à vereança, trago aqui uma reflexão que ainda não presenciei nos discursos e promessas de nossos(as) aspirantes, seja nas eleições passadas nem tampouco no período pré-eleições deste ano.

Se tem uma pauta unificadora, ou que pelo menos deveria ser, nesse momento de infinita turbulência política, é a educação. Utilizando-se dos opostos, dificilmente um eleitor mais radical de esquerda ou de direita vai se dizer contrário ao tema. Claro, há diferentes visões de mundo sobre o que é educação e como ela deve ser conduzida, mas de certa forma há uma empatia universal pelo assunto e sua importância é de relevância para quase todo o eleitorado.

Em Patos de Minas, um(a) professor(a) concursado da Prefeitura recebe o salário mensal de aproximadamente R$ 2.000,00, abaixo da média mensal de salários de nossa cidade, de acordo com o IBGE. Em contrapartida, um vereador recebe hoje salário mensal superior a R$ 10,000,00, cinco vezes mais que um professor.

Sendo pragmático, quem traz mais retorno para nossa cidade, um bom professor ou um bom vereador? Poderíamos estender essa pergunta e comparar diferentes profissões e as imensas desigualdades salariais no Brasil, mas está aí algo que os nossos aspirantes à vereança poderiam se perguntar: um vereador vale cinco vezes mais que um professor?

Eu diria que tanto um excelente vereador ou professor podem entregar muitos benefícios para nossa sociedade, mas na prática, o que se exige e o que se oferece para ambos os ofícios é bem diferente. Generalizando, os eleitores sabem que a maioria dos eleitos encaram seus mandatos como uma época de vacas gordas e de conciliação com outros trabalhos, dedicando poucas horas às reuniões ordinárias semanais, isto adicionado a um excelente gabinete e uma turma de assessores. Já o professor encara escolas lotadas, estrutura precária, jornada de trabalho extensa e um salário baixo. Dada a importância do tema, como ressaltado no início do texto, não está na hora de igualdade de condições? Afinal de contas, é a qualidade desta educação que nos dirá o que será de nosso futuro.

Para lembrá-los, em 2016, ano eleitoral, nossos vereadores votaram um ajuste de salário de 5,5% para os servidores municipais e um ajuste para si próprios de mais de 9%, qual a prudência e moral desta decisão?

Pré-candidatos(as), segue aqui uma sugestão de proposta de campanha que tenho certeza que valorizará os professores e agradará o eleitorado: que o salário do vereador seja equiparado e vinculado ao salário do professor de nosso município e vice-versa! Paga-se bem o vereador, paga-se bem o professor. Até lá, você, futuro candidato, pode fazer também um compromisso, de que se eleito, até que essa equiparação aconteça, doará a parte excedente do salário para a causa da educação.

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4 Comentários

  1. Grandes mudanças são construídas com pequenos gestos e ideias. Belo texto! Que as pessoas tenham mais consciência política e saibam exigir mudanças concretas de seus representantes eleitos.

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  2. Educação não é um tema importante. É fundamental. Não há nação no mundo que se desenvolveu sem o expressivo e longo investimento na área, mas em terras "coloniais" e individualistas, educação não dá voto e pode permitir algo muito perigoso: criticidade.

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  3. Ótimo texto! O professor, muita vezes vilanizado por políticos, é a verdadeira mola de um país. A valorização do professor,não apenas salarial, é fundamental para o desenvolvimento da nossa sociedade. Ainda que uma equiparação salarial pareça distante, a reflexão é importantíssima. O que justifica um aumento quase 100% maior aos vereadores do que aos servidores públicos do executivo? Não podemos criar castas de privilegiados que utilizam de suas prerrogativas públicas apenas para aumentar as desigualdades sociais que podem ser combatidas com uma boa educação.

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