À memória de meus fantasmas

Por Teófilo Arvelos
Imagem: Pixabay
Quando eu era moço, cria
que habitavam, em mim,
seis ou sete fantasmas.
Às vezes, chamava-os
por nomes que inventara,
e insultava os inquilinos
que me parasitavam,
à sombra e à luz de
minha concepção.

Com o tempo, com efeito,
fui espantando
o que me envolvia,
e encontrando-me, enfim,
sozinho.
No agora,
sinto que aqueles que se foram
eram partes de meu ser;
alguns, antes mesmo de eu sê-lo.

Não sei explicar, ao que sobrou de mim,
como fui matando-me,
retirando-me as partes.
Nem todo suicídio
parece-me ser antialtruísta.
Entretanto, vejo que o meu
foi o mais egocêntrico de todos.
Ao querer ver-me livre,
percebi-me isolado.

Creio, sem mais dúvidas,
que ninguém possa
alcançar liberdade
sem se integrar.
Com meus demais de mim,
eu não era feliz,
tampouco infeliz,
mas, ao menos, era menos
incompleto.

Se consigo resgatar-me,
já não mais sei.
Mas,
se comigo me reunir,
um dia hei
de lembrar-me de não mais
eu me esquecer de nós,
e, assim, ser
o que fomos jamais.

Teófilo Arvelos é aluno do Instituto Federal do Triângulo Mineiro e autor dos livros de poesia Parnaso e Lágrima.

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