A Parábola do Homem Livre

Por Neto Moreira

Imagem: Columbia Pictures / The Shawshank Redemption

Quando nasci deram-me placas,
Deram-me rótulos,
Códigos, leis e lógicas
Disseram: - “É isso que esperamos de ti”.
Corri.
Com os ouvidos tampados para os gritos do escravo senso comum...
Quem quer ser sensato?
Quem quer ser santo?
Pregaram Cristo na cruz e jogaram-no em um canto úmido da parede

Quando nasci deram-se roteiros,
Deram-me lemas,
Ternos, túnicas e correntes
Disseram: - “Tu serás o palhaço mais triste –
Não pela maquiagem que vestistes,
mas por viver com flores plásticas na lapela”...
Que pena!
Quem quer ser ovelha?
Quem quer ser soldado?
Alistam crianças no berçário para cumprir os sonhos que seus pais fracassaram

Quando nasci deram-me o pecado mais original
Tomei a maçã e a devorei, com gosto, em plena praça pública
Ante olhos e juízes e dedos em riste e horror
Vinguei-me de forma única:
Queriam que seguisse uma linha reta,
Fui parábola, derrapei na curva
A vida é um circo de pulgas
Tem que acreditar pra ver

Quando nasci queriam que morresse sóbrio
Vivi ébrio de amor

Neto Moreira é um poeta fajutinho, contista e compositor de rocks rurais

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