A noite

Por Teófilo Arvelos

Imagem: Pixabay

Em uma noite fria como esta,
olhei pela janela e me vi ali, na rua.
Não era minha imagem refletida no vidro
nem uma experiência extracorpórea.
Era eu, ali, no corpo daquela criança
que vagueava sozinha naquela noite fria
em busca de um lugar menos frio.

Se ao menos eu soubesse seu nome,
poderia abrir agora a janela e gritá-la.
Venha...! Pegue um cobertor.
Venha...! Pegue um leite quente.
Venha...

Da rua, olhei para a casa bonita da esquina:
um pobre poeta perdia-se a olhar pela janela.
Se ao menos eu soubesse seu nome...
nada adiantaria.
Não se esqueça de mim, pobre poeta.
Somos feitos da mesma essência: a noite...


Teófilo Arvelos é autor dos livros de poesia Parnaso e Lágrima. Atualmente, estuda Geografia na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

🦆

Apoie o jornalismo independente colaborando com doações mensais de a partir de R$5 no nosso financiamento coletivo do Catarse: http://catarse.me/jornaldepatos. Considere também doar qualquer quantia pelo PIX com a chave jornaldepatoscontato@gmail.com.

Postar um comentário

2 Comentários

  1. fascinante, que profundidade mais convidativa. deu sentido pro meu dia !

    ResponderExcluir

Obrigado por comentar!