Crer ou descrer? Eis a questão!

Por Jô Drumond

(Foto da primeira comunhão da autora)

Oriunda de família extremamente religiosa, fui batizada, catequizada e crismada. Repetia como papagaio o que me havia sido ensinado pelas freiras, durante a catequese. “Quem é Deus? Deus é um espírito perfeitíssimo e eterno, criador e redentor do Céu e da Terra”. Na minha ingenuidade, repetia aquilo de cor, sem saber o que era “espírito”, o que era “redentor” e muito menos quem era “Deus”. A distinção entre Céu e Terra era simples. Sabia que o céu era azul e a terra, marrom; que o primeiro ficava acima da minha cabeça e a segunda, sob meus pés.

Quando criança, em Patos de Minas, eu me ajoelhava semanalmente num confessionário, em vista da comunhão dominical. Toda boa menina tinha que mostrar sua pureza no ato da comunhão. Lembro-me de que, como não tinha pecados, fiz uma lista de eventuais deslizes, considerados por mim faltas graves, como, por exemplo: roubei biscoitos na despensa da mamãe; dormi sem rezar; falei palavras feias; desejei mal ao próximo; tive maus pensamentos... Recitava a mesma listinha todos os sábados, diante de um confessor que nada dizia. Apenas passava a penitência, que pouco variava: rezar um Pai Nosso e duas ou três vezes a Ave Maria. Um belo dia ele me perguntou que mal eu havia desejado ao próximo. − Desejei que minha coleguinha tropeçasse e caísse − respondi. A penitência não mudou. Pensei que fosse me perguntar também quais eram os maus pensamentos. Certamente ele não se animou. Seria pura perda de tempo inquirir os pecados de uma garotinha de sete ou oito anos de idade. Além do mais, a fila tinha que andar.

Na adolescência, fui membro efetivo da Legião de Maria. Fiz trabalhos legionários em enfermarias de hospitais e na periferia. Rezava diariamente, antes de dormir, a catenas legionis, cuja antífona ainda permanece em minha memória: “Quem é essa que avança como a aurora, formosa como a Lua, brilhante como o Sol, terrível como o exército em ordem de batalha?” Naquela mesma época, como catequista, eu continuava repetindo aos pimpolhos o que havia aprendido no ensino religioso.

Aos 17 anos, todas as normalistas deveriam comungar durante a missa de formatura. Minha classe era numerosa. Fomos juntas, cerca de sessenta colegas, à igreja dos padres capuchinhos, em Patos de Minas, para a confissão. O padre, ao se dar conta da quantidade de moçoilas, não se animou a atender uma a uma. Disse que faríamos uma confissão comunitária. Eu nunca havia ouvido tamanho disparate. O que seria confissão comunitária? Teríamos que dizer publicamente, em voz alta, nossos pecados?

Ele fez uma pequena pregação, solicitou alguns minutos de silêncio para que nos lembrássemos, nos arrependêssemos de nossos pecados e pedíssemos perdão, em linha direta com o Todo Poderoso. Depois de algumas orações, abençoou-nos e nos liberou. Não entendi a razão pela qual ninguém nunca havia mencionado essa possibilidade de eu ser perdoada pela divindade, sem me ajoelhar diante de um confessor. Fiquei revoltada por ter-me submetido inutilmente ao rito semanal de ir à igreja, durante tantos anos, desde a primeira comunhão. Enfrentava fila todos os sábados, repetia minha inútil lista fictícia diante do confessor, pagava penitência em falso alto de contrição, visto que os pecados eram inventados, para poder comungar durante a missa dominical, usando mantilha branca, símbolo da pureza. Quanta hipocrisia!

Diziam no catecismo que, ao recebermos a hóstia consagrada, na ponta da língua, ela deveria ser colada no céu da boca até à dissolução completa. Como se tratava do corpo de Jesus, se a mastigássemos, o sangue escorreria boca abaixo. Eu tinha ao maior cuidado para que a hóstia nem tocasse os dentes. Não queria aparecer com a boca suja de sangue, dentro da igreja. Após a “famosa” confissão comunitária, comecei a duvidar desses disparates. Certo dia, em ato de rebeldia, fiz questão de mastigar a hóstia. Nada aconteceu.

No início dos anos setenta, houve radical mudança de vida. Entrei para uma Faculdade de Filosofia Ciências e Letras, na capital do Estado. Tive então oportunidade de conhecer jovens de minha idade, leitores de Sartre, Simone de Beauvoir, Albert Camus, entre outros existencialistas. O universo das Letras e da Filosofia se descortinava para a crédula provincianinha, que começava a inquirir tudo o que lhe havia sido inculcado. Desde então, ela passou a desacreditar nos ensinamentos religiosos e a questionar os dogmas.

Nos dias de hoje, sabe-se que, com a ajuda da ciência, que o fato de ter fé não acontece por vontade própria, nem pelos ditames do destino. No início deste terceiro milênio, pesquisas científicas confirmam que os indivíduos portadores do gene VMAT2 são intuitivos e mais religiosos. Os que não possuem tal gene, no meu caso, são mais reflexivos, têm raciocínio lógico e dificuldade em acreditar em algo impreciso. Ter fé significa crer prontamente, sem exigir comprovação científica, ou seja, acreditar sem perscrutar. Destarte, bem-aventurados os portadores do VMAT2, pois crer dói menos que descrer.


Jô Drumond é escritora, tradutora juramentada e artista plástica. Já publicou 18 livros. Pertence a três academias de Letras: Afemil, AEL e Afesl. É colaboradora do Jornal de Patos, da Revista cultural Desleituras e publica no próprio blog.

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23 Comentários

  1. Texto com notas de coragem, humor e reflexão, Jô Drumond. "Repetia minha inútil lista fictícia diante do meu confessor" é uma pérola.

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  2. Maravilha jo, voltei ao.passado era desse jeito...muito bom vc relatar o que nós passamos dentro da igreja, hoje vou pouco a igreja, faço minhas preces em casa

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  3. O crescimento da autora moldado pela vida religiosa com comunhão dominical, legião de Maria, catequista mostrou sua inocência e coerência do acreditava na época. Depois com o seu amadurecimento, estudos veio novos questionamentos... Acredito que isso acontece com a maioria dos jovens. A fé é uma experiência pessoal, para aqueles que querem crer.

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  4. Como sempre um texto muito bem escrito com a qualidade de uma escritora de tamanha competência na sua área de atuação. Peço licença para deixar um comentário com o mais sincero respeito a sua história de vida. Considero lamentável que a sua experiência com o divino tenha sido assim tão vazia e sem sentido. Digo isto pelo fato de ter experimentado exatamente o oposto, não apenas uma situação e sim várias situações que me levaram a ter a fé que tenho hoje. Como você disse devo estar no grupo dos indivíduos portadores do gene VMAT2 e sofro menos porque confio que Deus me acolhe nas minhas misérias. Com relação a Igreja ela é mesmo santa e pecadora. Escolho aprender com os Santos e questiono um tantão de coisas e de comportamentos que considero que não agradam a Deus e que são cometidos por quem se diz cristão. Certamente eu mesma faço isso inúmeras vezes (desagradar a Deus). Mas sei que Ele me ama assim mesmo e deseja a salvação pra mim do mesmo jeitinho que deseja pra você, para o ladrão, o estuprador, o bandido mais cruel que possa existir. Na minha humilde opinião ter uma experiência com Deus independe de frequentar Igreja, de ter sido batizado ou não, ter feito catequese, crisma ou se confessar ou ainda ter tido pessoas hipócritas como "orientadores espirituais". É algo que depende única e exclusivamente de mim e Deus. Pra mim é uma escolha sim, que acontece por vontade própria. Para os cientistas a "culpa" é do tal gene VMAT2. Não sei como eles explicam os inúmeros casos de pessoas totalmente descrentes que, após terem uma experiência com o divino, passam a crer. Talvez o tal gene surja dentro delas de repente. Numa coisa coisa concordamos... Como disse Jesus a Tomé: "Você acreditou porque viu. Felizes são aqueles que crêem sem terem visto."

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  5. Amei o texto!!!! A fé é o que me move até hoje apesar de ir pouco à igreja.

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  6. Voltei no tempo. Exatamente como aconteceu comigo.
    Colégio interno e freiras rigorosas.Mas deixou muitas saudades.
    Viajamos com seus contos querida Jo.
    Abraco

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  7. Está crônica é ótima, feliz da criança que viveu esta oportunidade. As vezes questiono sobre a crença, em Deus ou em qualquer coisa. Descobri que depende do tempo, por exemplo: uma pessoa sai de casa com um cartão de crédito e entra num banco e pega um dinheiro, questiono, é crença ou não? Para meu avô, é uma loucura num futuro próximo também vão rir da gente, em acreditar num pedacinho de plástico.

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  8. Eu creio, mas ao contrário de crianças que frequentavam igreja, eu não podia. Estava na Alemanha durante a guerra. Igrejas fechadas ou abrigando refugiados. Minha mãe ressoa e aos 4 anos me ensinou a rezar.. Só aprendi as primeiras palavras e sei até hoje. Quando conseguimos chegar no Brasi, anos depois descobrimos uma igreja ortodoxa, na rua Tamandaré em SP.
    Poucas x íamos lá, era longe, tínhamos que tomar 2 ônibus de ida e a volta tb.
    Confesso que tinha medo daqueles padres barbudos de preto.
    Mais tarde, em casamentos, Páscoa eu ia, mas ficava fora conversando com as pessoas.
    Casei numa igreja presbiteriana, mas foi a 1a e última vez que entrei lá. Meus filhos foram batizados na Itália em capelas presbiterianas. Hoje uns vão a igreja católica, outro na Batista e tb na maranata. Eu reso o que aprendi ,na praia, fiz da areia e água do mar, minha igreja. Eu creio!!🙏🙏🙏

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  9. Jô,já estava anciosa por ler algo vindo de vc
    Crer ou descrer
    As jovens dos anos sessenta,tivemos está mesma criação dos pais,por sua vez recorram dos seus
    Usar o véu
    Eu adorava,,,porque era tradicional
    Como não voei como vc para a capital,fiquei no interior e continuei,nas filhas de Maria,na legião de Mariapolis,continuei participando dos movimentos da igreja
    Hoje na minha idade,contínuo crendo em Deus,um ser superior que nos acolhe e protege
    A minha fé nunca mudou,contínuo crendo e procurandover o melhor do ser humano
    Porque existem pessoas más que idolatram um um bandido,praticam o mal
    Infelizmente tem muita diversificação de religiosidade,ou não tem nenhuma

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  10. Amei ler o texto e os fundamentos que crê causar a sua descrença. E adorei ler os comentários tbem. Um assunto muito polêmico. E, assim como a opção política, deve-se respeitar e ser respeitada.

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  11. Jô, que (conto, crônica...ajuda!) texto legal. Pra viver é preciso humor. Uma pitadinha de sal também. Uai?! Não sabia que tinha o gen VMAT2! Sei que ele protege contra o Comte. Aquele troço positivista, eu só creio no que vejo, no que a balança pesa, o termômetro mede, e vai água. Acho que o Comte era mau! Como ele acreditava nele mesmo? Num podia medir nem ver nem pesar o pensamento! Credo! Era virado na zebra. Era doido. Confissão ao pé do ouvido ainda faço. Não é fácil. A comunitária, soube anteontem, só vale praquelas pessoas ali do povo que não tem pecado mortal. E praquele pessoal que descambou com o ônibus pela ribanceira e despedaçou todo mundo nas pedras lá em baixo no abismo. Aí sim. Quem morreu vai pro Purgatório. Mas tem que ter o sacerdote ali na hora pra sacramentar. É bonito essas coisas. Igreja, anjo, Céu, Inferno, Purgatório. Parece coisa de criança. Vai que o tal VMAT2 faz de todo mundo nefelibata. Abreijos do amigo, Bolivar.

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  12. Jo, a sua crônica nos remete aos anos 60, catecismo, primeira comunhão, terço, bíblia, padre fazendo sermão em latim, e eu nada entendia,
    creio que nem os fiéis nenhum dos fiéis. Minha mãe olhava para nós e com o dedo indicativo na boca, em sinal de silêncio

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  13. Cont. Quantas e melhores recordações d'um tempo de pureza. Continuo crendo que a fé nos eleva e faz milagres.
    Denise Moraes

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  14. Jô quando estava com seus pais vc não se empenhou em colocar em prática , vivenciar o que estava aprendendo , então não cresceu em vc. O acreditar em um supremo que reje o céu e terra.

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  15. Meus agradecimentos aos leitores por externarem seus pontos de vista sobre um tema tão melindroso.
    Seguem alguns comentários que caíram diretamente em minha caixa de mensagens.
    Grande abraço a todos


    Jô, com humor é ainda melhor. Adorei a fina ironia que percorre o texto. Show!
    Tentei, mas não consegui publicar o texto acima sobre a sua crônica no site. Por isso envio diretamente a você.
    Fraterno abç
    Mattedi (Vitória – ES)

    Muito boa a crônica/memória! O engraçado é que a maioria dos que comentam o fazem no anonimato. rsrsrs
    Wilson (Vitória – ES)

    Bacana demais Jô. Vc me fez viajar no tempo numa experiência bem semelhante.
    Na juventude, quando o véu caiu, eu percebi que havia um muro intransponível para a maioria das pessoas. Mas eu havia saltado esse muro sem medo, e do outro lado vi o mundo real. Esse mundo que os outros tinham medo de ver e se escondiam na religião.
    Xavier – (Ouro Preto)

    Adorei o texto, mas não sei se não entendi ou discordo, porque, na minha opinião, crer só dói menos por um tempo, porque descrer é libertação.
    Descrer dói menos, porque nos liberta dos dogmas aos quais as crenças nos submetem e que a todo instante nos fazem buscar ser algo que jamais seremos: perfeitos. Além disso, crer nos impede de encontrar a felicidade simples e genuína que é ser exatamente o que somos: humanos!
    Luísa (Rio de Janeiro)

    Oi, Jô! Nunca tinha ouvido falar do gene VMAT2. Acho que fui abençoada com ele... Nem ouso questionar algo que me faz tão bem! Concordo plenamente com você. “Crer dói menos que descrer”
    Maria Helena (Vitória-ES)

    Era sim mesmo, Jô. Frequentei Colégio de freiras. Com o passar dos anos, fui compreendendo mais o catecismo e chegando a outras certezas. Fiz também cursos de Bíblia, Mariologia, catecismo avançado. Hoje frequento a Igreja e sigo sua doutrina. Não sou carola, mas procuro observar os mandamentos.
    Janaína (ES)

    Amei o texto...era deste jeito mesmo....acho que houve um descrer...
    Rosária (Coromandel -MG)

    Sua descrição sobre a “formação religiosa” está perfeita. Ali vi a minha história. Imagino como lê este texto um jovem de 18 anos…
    Deve nos achar ETs.
    Sr. Campos (Vitoria – ES)

    Je ne sais pas si je suis porteuse du gène VAMT4 mais j'en veux à l 'hypocrisie de la religion qui nous faisait "avaler des couleuvres"quand nous n'étions pas encore en capacité de reflechir. On sait combien l'église et surtout les prêtres, ont abusé de la credulité des enfants par le biais entre autres de la confession. La foi c'est pour moi le contraire de la liberté. D'ailleurs toutes les guerres viennent des religions....ou au nom des différences de religion. Très bonne soirée jo .je t'embrasse
    Merci pour ce texte Jô
    Mme. Raby (França)

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  16. (CONTINUAÇÃO)
    Gostei muito da crônica. Eu sinto que não tenho fé nenhuma no religioso, embora confesse que gostaria de ter. Tenho sim, uma confiança em Deus, Deus esse que pode se manifestar para mim, através de uma boa ação, um sorriso de uma criança e principalmente a natureza. Sinto a presença de Deus nessas situações. Respeito quem é religioso sem ter religião. Não consigo me ver assistindo a uma missa ou a um culto. Essa questão do gene VMAT2, confesso que não sabia. Talvez explique o porquê de muitas situações religiosas. O fato de fazer filosofia pode ter ajudado você ter "deixado" a igreja de lado. Não sei se aconteceria o mesmo por exemplo se você tivesse ido para a medicina. A verdade é que isso nunca saberemos. Gosto de você deste jeito. Não sei se gostaria mais da Jô religiosa.
    Valeu muito. Abraço!
    A.Marinho (Vitória – ES)

    Muito original, me vi na maior parte de seu relato. Excelente....reminiscências religiosas....
    V. Guimarães (Patrocínio - MG)

    Maravilhosa sua crônica, Jô. Me fez lembrar da minha infância...
    Beijinhos.
    Adail (Rio de Janeiro – RJ)

    Muito. Interessante
    Me vi em vc
    Tive uma infância parecida. Já levava pronto os pecados para dizer ao padre. "briguei com meus irmãos, desobedeci a meus pais...... E Por aí vai *
    Muito interessante
    Gislene (Vitória -ES)

    Olá, Jô querida !
    Obrigada por compartilhar texto tão ilustrativo das nossas infâncias...
    Quantos " assombros " vivíamos em razão de fantasias descontroladas.... !!!
    Nossa criatividade iria direto construir punições internas...
    Estes sim , eram os verdadeiros "super egos "...
    Bjs , e ótimo dia pra ti !
    Sílvia (Vitória-ES)

    A maturidade só lhe faz ser mais livre e deixa fluir essa prosa linda. Me trouxe saudades e a sensação gostosa de entender que eu não estava sozinha!!!
    Que foto mais lindinha. Nasceu assim, né? Com esse rosto meigo.
    Maria José (Brasília)

    Revivi minha infância religiosa nesse belo texto. É a mais pura verdade!!!!!
    Márcia (Paracatu)

    Bom dia! Muito bom acordar com seu texto.
    Essa sua história é muito parecidas com as minhas em relação à religião, mesmo vividas em interiores diferentes , vc no interior de MG e eu no interior de ES.
    Beijo Jô!
    Teresa (Vitória)

    Boa noite Jô.
    Muito interessante o que você viveu na infância com a catequese.
    E com o passar dos anos crenças foram se modificando.
    Bem colocada a sua posição.
    Gostei muito.
    Parabéns. Adoro seus textos. Um grande abraço.
    Lola (Vitória)

    Boa noite!
    Recebi. Consegui ler a crônica. Gostei! Um tema para corajosos... Parabéns!!! Hormizio (Vitória-ES)

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  17. (CONTINUAÇÃO)
    Querida Jô, boa noite.
    Destaco a singeleza e a delicadeza de seu texto, tão inerentes em sua lavra.
    Esse texto me remeteu ao ano de 1943.
    Desde a adolescência questionei os ensinamentos e valores religiosos.
    Quando cursava o ginásio no Colégio Santa Maria, dirigido por Irmãos Maristas, durante uma aula de Religião questionei por que Jesus demorou tanto tempo - milênios - para Salvar o homem. Levei em conta os horrores de todas as guerras políticas e religiosas que nos ensinavam veladamente, sem resvalar nas agressões da Igreja. Fui obrigado ouvir uma sequência de ensinamentos... Até o dia que, em alto e bom tom, me rebelei e disse: Creio piamente em Deus que criou o homem e não creio no Deus que os homens criaram.
    Meu conceito naquele momento foi rez-de-chaussée...
    Ah ! Fui de castigo e passei ser visto como um "protestante rebelde", pois meu pai era luterano e eu o acompanhava aos cultos em sua Igreja.
    Frequentava regularmente as missas, mas minha participação em cultos luteranos era mal vista.
    Esse castigo culminou em uma situação trágico-cômica: Fui para detrás do quadro negro, que ficava enviesado no canto da sala. O professor continuou sua aula e um pompom de sua batina balançava. Não me contive e o prendi em um prego. Quando o Irmão deu um passo, puxou o pompom e o quadro veio foi ao chão. O susto foi para mim, para o Irmão e para os alunos...
    Conclusão: Fui posto para fora da sala...
    Um abraço
    Ernesto (Ribeirão do Cristo – ES)

    Oi Jô, realmente vivemos uma fé ingênua na nossa juventude, mas sem dúvida ela nos ajudou a sermos pessoas éticas e sérias até hoje. Entrar para a faculdade era quase um ritual de questionar tudo, inclusive a religião. Há muito tempo, no entanto, optei por uma fé madura e consciente. Não é tão fácil também, seguir as palavras de Cristo em todos os momentos de nossa vida, mas me sinto muito feliz por ter alcançado esta fé.
    Um grande e afetuoso abraço.
    M. I. Nascimento (Belo Horizonte)

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  18. (CONTINUAÇÃO)
    Foi a melhor leitura que fiz nos últimos anos. Concordo plenamente com tudo e assino embaixo. Também fui catequista e as aulas para a primeira Eucaristia foram dadas na Igreja de Coromandel. Decorei livrinhos e livrinhos sem entender nada. Sempre fui revoltada por ter que confessar. Achava um absurdo contar "segredos" a um padre. A gente nem sabia o que era pecado. Valeu!
    N. Silva (Patos de Minas)

    Oi, Jô, me desculpe a demora em ler sua nova crônica, super bacana e serenamente corajosa! Nunca tinha ouvido falar desse gene da "credulidade", para dizer o mínimo e que tem tomado conta de milhares de cérebros brasileiros, sobretudo nos dias atuais.
    Francisco de Assis (Belo Horizonte)

    Sensacional!!! Desse jeitinho!
    Me vi lá no Catecismo, no Colégio (Escola Normal Nossa Senhora de Oliveira).
    Mirian (Vitória)

    O que vem sendo feito por esta igreja em nossas cabeças/vidas…
    Seguindo a linha proposta por Rudolf Otto ela sempre me pegou pelo ‘Mysterium Tremendum’ na ação constante de um Deus que tudo via e sabia. Por sorte o ‘Fascinans’ sempre teve uma ação maior em meus encantamentos. A parte visual/etérea/sagrada da igreja com as imagens, as cores litúrgicas para cada época do ano, os cheiros das flores, das velas, dos incensos e seus rituais (na maior parte ininteligíveis) sempre tiveram mais ação sobre mim, logicamente não me eximindo da culpa..,,,,!!!¿¿…
    Seu texto me faz rememorar e revirar estes momentos…
    A. Colnago (Vitória – ES)

    Adorei o texto. Nunca tinha ouvido nenhuma referência ao gene VMAT2. Eu, com certeza não o tenho. Questiono muito a fé como obrigação para os cristãos.
    Marta (Patos de Minas -MG)

    Caríssima Jô, vou me externar, mas com uma grande dúvida.
    Ontem tive um pensamento que me deixou, até certo ponto, com feição de descrença. Não sei se incorri em pecado: Tenho dúvidas se Deus existe. E se existe, deve ser alguém que não sabe
    da nossa existência. (sujeito a muitos acertos).
    Humberto (Vitória – ES)

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  19. Querida Jô,
    Gosto da forma como você se revela em seus textos o que nos permite te conhecer e te entender. Também achei curioso saber que tenho o gene VMAT2, rsrs... e constatar que não tenho a menor dificuldade de me relacionar com quem não tem (ainda bem que a recíproca é verdadeira com relação a você, né?). Penso que o mais importante é que saibamos nos relacionar pelas nossas semelhanças e respeitar as nossas diferenças. Quando escolho me relacionar com alguém é porque reconheço nela valores que admiro e você é uma mulher admirável. O fato de você não ter o gene VMAT2 não faz nenhuma diferença em minha vida e, se também não faz na sua, tudo bem. Agora o fato de estar na sua presença e me sentir acolhida e respeitada do jeitinho que eu sou me faz um bem enorme. Grande abraço, Hilda Muniz

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  20. Certamente essa crônica espelhará a realidade de muitos que, outrora bem fiéis, viram - se enredados por uma crença irracional, só amparada pela tradição. ( Marcos Tavares)

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